Pois é, pessoal, eu sofri um AVC pós Covid-19. Depois de três meses de ter contraído coronavirus, tive o maior susto da minha vida. Se você quiser saber todos os detalhes do que aconteceu, continue lendo esse post.

Peguei Covid-19

Os últimos 6 meses têm sido dias absolutamente insanos para mim, e acredito que para muitas pessoas também. Uma das coisas que aconteceu comigo foi ter pego o tal coronavírus.

Para quem não sabe, eu tenho um trabalho formal e (até então) presencial. Mesmo com a pandemia nós não deixamos de trabalhar presencialmente, apenas houve a redução da quantidade de pessoas no ambiente, com revezamento de colaboradores. Apesar de eu nunca saber exatamente onde peguei a doença, acredito que foi lá no meu ambiente de trabalho que, em outubro de 2020, contraí o vírus.

Sintomas do Coronavírus

Meus primeiros sintomas foram bastante similares aos sintomas de sinusite. Um leve cansaço, dor de cabeça e dor atrás dos olhos. Como foi período de mudança de clima em Brasília, eu realmente acreditei que estava com sinusite, pois é algo comum.

Mas, diante das possibilidades de ser algo diferente, comecei a me manter mais afastada das pessoas e a tomar a medicação que sempre tomo quando tenho sinusite.

Após dois dias do começo dos sintomas notei a falta do olfato, o que me levou a fazer o exame PCR. No dia seguinte já obtive o resultado positivo para Covid-19 e fiz meu acompanhamento médico por telemedicina.

No período de 14 dias de atividade do vírus eu tive um pouco de diarreia, dor de cabeça, dor nos olhos, perda de olfato, alteração na voz que ficou um pouco fanha, dor nas pernas e nas costas e bastante cansaço, com uma certa diminuição na saturação do oxigênio em alguns momentos, que estava medindo com o oxímetro. Não tive febre, nem tosse.

Após completos os 14 dias de isolamento o olfato demorou umas duas semanas para começar a voltar ao normal e continuei sentindo bastante cansaço e ofegância com pequenas atividades físicas.

Depois da Covid, um AVC. O maior susto da minha vida

Aproximadamente três meses depois de contrair o coronavírus eu tive o maior susto da minha vida. Dia 8 de janeiro de 2021 eu sofri um AVC – Acidente Vascular Cerebral – isquêmico.

Na verdade, no mesmo dia eu tive três episódios de AVC, sendo dois já no hospital.

Nos vídeos a seguir eu conto todos os detalhes do que e de como tudo aconteceu, quais foram os sintomas do AVC que senti e que me levaram ao hospital. A história é longa, por isso dividi em duas partes:

Eu nem preciso dizer que sofrer um AVC aos 30 anos de idade é algo que ninguém imagina, não é?

Pois é, certamente é algo que eu jamais imaginei que poderia acontecer, mas aconteceu comigo, e quando eu paro para pensar no quanto isso tem mudado minha vida, parece que já aconteceu há muito tempo! 😅

Eu pretendo muito falar mais sobre essas mudanças na minha rotina, nos meus hábitos e, principalmente na minha mente. Como vocês viram no vídeo, o emocional é algo que tem pesado bastante, mas é assunto para outro post.

AVC isquêmico

Existem basicamente dois tipos de Acidente Vascular Cerebral. Um, chamado AVC hemorrágico, que ocorre por rompimento de algum vaso cerebral, que provoca hemorragia, e é o mais perigoso. E outro, chamado AVC isquêmico, que ocorre por obstrução de alguma artéria, que impede a oxigenação adequada do cérebro, provocando a morte de células cerebrais.

O AVC que eu sofri é o chamado AVC isquêmico, que ocorreu por uma espécie de “descame” interno da artéria vertebral do lado direito, que levou um coágulo ao meu cérebro. O coágulo atingiu o cerebelo, a parte do cérebro responsável pelo equilíbrio.

Por conta desse descame, eu também tive um pseudo-aneurisma, ocasionado por acúmulo de sangue na parede da artéria, que formou uma espécie de bolsinha de sangue, e também tive um rompimento nessa artéria.

E você deve estar se perguntando, “tá, mas o que o AVC tem a ver com Covid-19?”

AVC pós Covid-19. Existe alguma relação?

Bom, como eu disse, não é tão comum sofrer um AVC aos 30 anos de idade, menos ainda quando sua saúde está bem.

É justamente por causa disso que todas as desconfianças, minha e dos médicos, recaem sobre o fato de eu ter contraído Covid. Nada comprovado, mas é a explicação mais plausível e lógica, já que todos os meus exames estão perfeitos. Ou seja, nada da minha saúde acusa qualquer propensão a sofrer um AVC, muito menos na minha idade. Por isso digo que sofri um AVC pós Covid.

Alguns dos principais fatores de risco para desenvolver um AVC são: hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol alto, sobrepeso, tabagismo, uso de drogas ilícitas, alto consumo de álcool, histórico familiar, idade avançada e sedentarismo. Dentre esses fatores eu só me encaixava em um: sedentarismo. No mais, nada nos meus exames acusam qualquer fator de risco para o AVC.

Recentemente tem-se identificado um aumento de casos de pessoas que sofrem AVC após terem contraído coronavírus. Conforme artigo publicado no site do Instituto D’or:

Recentemente, médicos e cientistas identificaram que a infecção pelo novo coronavírus pode acarretar em outros problemas além dos respiratórios. Após relatos de problemas neurológicos em pacientes com Covid-19, foram registrados diversos casos de pessoas com diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC) que também testaram positivo para o novo coronavírus (Sars-CoV-2). O que mais intrigou os especialistas, no entanto, é que muitos dos pacientes com esse quadro clínico tinham menos de 50 anos.

https://www.rededorsaoluiz.com.br/instituto/idor/novidades/covid-19-pode-estar-relacionada-a-avc-em-pacientes-jovens-e-assintomaticos

Além de doença respiratória, os estudos indicam que a Covid-19 é também uma doença trombogênica, sendo provável que entre para a lista dos fatores de causa ou risco de AVC ( Veja mais em http://biopsico.com.br/site/2020/10/23/avc-pode-ser-o-primeiro-sintoma-de-covid-19-em-pacientes-jovens/)

Fica o alerta

Eu não quero, com esse post, causar qualquer tipo de preocupação em ninguém que já foi contaminado com Covid-19, ao contrário. Quero contar minha história de AVC pós covid como algo positivo, com um bom desfecho, afinal de contas hoje eu estou muito bem, quase 100% recuperada e com a saúde cada vez melhor.

Mas certamente fica o alerta para prestar atenção a todos os sintomas, procurar ajuda médica no caso de qualquer sintoma diferente e, claro, cuidar melhor da saúde, com boa alimentação e exercícios físicos. 😉